A revista K surgiu em Outubro de 1990 dirigida por Miguel Esteves Cardoso tendo durado cerca de três anos. Apesar da sua curta existência, a revista deixou marcas profundas nos seus leitores e no panorama editorial português.
Na Kapa havia lugar para rubricas dedicadas ao divertimento, delírios, apresentação de portfolios, entrevistas mais ou menos sérias, até colunas sobre filosofia, dinheiro, arte, alma, política e família.
Aliando um projecto gráfico bastante arrojado e uma linha editorial ousada, a revista contava com colaboradores como: António Cerveira Pinto, Catarina Portas, Edgar Pêra, Eduardo Cintra Torres, Filipe Alarcão, Graça Lobo, Hermínio Monteiro, João Bénard da Costa, José Fonseca e Costa, Nuno Rogeiro, Pedro Ayres de Magalhães e Pedro Rolo Duarte; e colunistas como: Agustina Bessa-Luís, Maria Filomena Molder, Leonardo Ferraz de Carvalho, Paulo Portas e Vasco Pulido Valente.
Mesmo a moda e a publicidade mereciam uma abordagem diferente do habitual, servida por textos de ficção e produções muito criativas. A revista era iconoclasta ao ponto de recensear literatura séria e a seguir um qualquer filme porno, a alta e a baixa cultura lado a lado. Tanto sublinhava os amores como os ódios de estimação, tanto reflectia sobre a actualidade como abordava o tema mais inusitado, sempre com muita ironia à mistura.
Era uma revista que arriscava, no fio da navalha.
Na Kapa havia lugar para rubricas dedicadas ao divertimento, delírios, apresentação de portfolios, entrevistas mais ou menos sérias, até colunas sobre filosofia, dinheiro, arte, alma, política e família.
Aliando um projecto gráfico bastante arrojado e uma linha editorial ousada, a revista contava com colaboradores como: António Cerveira Pinto, Catarina Portas, Edgar Pêra, Eduardo Cintra Torres, Filipe Alarcão, Graça Lobo, Hermínio Monteiro, João Bénard da Costa, José Fonseca e Costa, Nuno Rogeiro, Pedro Ayres de Magalhães e Pedro Rolo Duarte; e colunistas como: Agustina Bessa-Luís, Maria Filomena Molder, Leonardo Ferraz de Carvalho, Paulo Portas e Vasco Pulido Valente.
Mesmo a moda e a publicidade mereciam uma abordagem diferente do habitual, servida por textos de ficção e produções muito criativas. A revista era iconoclasta ao ponto de recensear literatura séria e a seguir um qualquer filme porno, a alta e a baixa cultura lado a lado. Tanto sublinhava os amores como os ódios de estimação, tanto reflectia sobre a actualidade como abordava o tema mais inusitado, sempre com muita ironia à mistura.
Era uma revista que arriscava, no fio da navalha.
Desinformação
Vivemos na idade da informação. Nunca foi tão fácil a tantas pessoas estarem tão bem informadas acerca de tantos assuntos. Óptimo. O pior é aceitarmos acriticamente que a informação é sempre boa, útil e formativa. A verdade é que nunca houve tantas bestas bem informadas. É muito mais fácil uma pessoa informar-se sobre um assunto do que pensar acerca dele. A partir de certa altura, um excesso de informação pode prejudicar a compreensão de dado acontecimento. Hoje, muitas pessoas informam-se em vez de tentar compreender.
É a mulher que sabe tudo acerca dos filmes em cartaz, mas não viu nenhum. É o homem que segue cada passo dos acontecimentos na Roménia sem parar para tentar compreender o que se passa. É o jurista que conhece toda a legislação mas é incapaz de ter uma discussão sobre conceitos de justiça.
A informação pode ser brutal ao ponto de prejudicar a comunicação. As notícias, em vez de serem pontos de partida, tornam-se em fins. As pessoas, em vez de discutirem eventos e significados, partilham conhecimentos. Em vez de produzirem argumentos, reproduzem factos. Através da mera partilha de informação cria-se assim uma comunidade artificial.
Não há expressão mais mentirosa do que "comunicação social". Que comunicação existe? Apenas se comunica a - não se comunica com. Isto é, não se comunica. Informa-se. O mal está no facto de não haver reciprocidade.
Claro que os chamados meios de comunicação social não ouvem o público a que se dirigem. O velho lugar-comum do "diálogo com o leitor" é uma treta em que ninguém acredita. O mal é que a indiferença com que se distingue quantidade e qualidade de informação torna cada vez mais difícil ao cidadão médio ter opiniões pessoais acerca do que o rodeia.
Há qualquer coisa de arrogante e insuportável no acto de "informar", tal qual ele se concebe modernamente, cheio de gráficos, sondagens, esquemas e painéis equilibrados. Há uma pretensão de definição e cobertura que, além de ridícula, parece violenta, por não admitir discussão. A discussão surge "já feita". O leitor limita-se a escolher uma das posições.
Esta revista vai ser mais comunicativa do que informativa. O nosso objectivo não é sermos respeitados, compreendidos, seguidos, ou representados ou definitivos - é sermos lidos.
É a mulher que sabe tudo acerca dos filmes em cartaz, mas não viu nenhum. É o homem que segue cada passo dos acontecimentos na Roménia sem parar para tentar compreender o que se passa. É o jurista que conhece toda a legislação mas é incapaz de ter uma discussão sobre conceitos de justiça.
A informação pode ser brutal ao ponto de prejudicar a comunicação. As notícias, em vez de serem pontos de partida, tornam-se em fins. As pessoas, em vez de discutirem eventos e significados, partilham conhecimentos. Em vez de produzirem argumentos, reproduzem factos. Através da mera partilha de informação cria-se assim uma comunidade artificial.
Não há expressão mais mentirosa do que "comunicação social". Que comunicação existe? Apenas se comunica a - não se comunica com. Isto é, não se comunica. Informa-se. O mal está no facto de não haver reciprocidade.
Claro que os chamados meios de comunicação social não ouvem o público a que se dirigem. O velho lugar-comum do "diálogo com o leitor" é uma treta em que ninguém acredita. O mal é que a indiferença com que se distingue quantidade e qualidade de informação torna cada vez mais difícil ao cidadão médio ter opiniões pessoais acerca do que o rodeia.
Há qualquer coisa de arrogante e insuportável no acto de "informar", tal qual ele se concebe modernamente, cheio de gráficos, sondagens, esquemas e painéis equilibrados. Há uma pretensão de definição e cobertura que, além de ridícula, parece violenta, por não admitir discussão. A discussão surge "já feita". O leitor limita-se a escolher uma das posições.
Esta revista vai ser mais comunicativa do que informativa. O nosso objectivo não é sermos respeitados, compreendidos, seguidos, ou representados ou definitivos - é sermos lidos.
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